sexta-feira, 3 de outubro de 2014

AÇÃO DA MATÉRIA SOBRE O ESPÍRITO

PESQUISA – AÇÃO DA MATÉRIA SOBRE O ESPÍRITO Esta pesquisa foi iniciada a partir de uma determinada palestra onde foi citado o psiquiatra suíço Carl Jung, o qual considerava que grande número de indivíduos são muito influenciados pela primária imperfeição humana denominada Egoísmo, que é transmitido ao homem desde os primórdios da escala da evolução espiritual, iniciando-se do instinto, atributo essencial para a sobrevivência de qualquer sistema de vida. Surgiu certo interesse em aprofundar este assunto procurando estabelecer fundamentos para a assertiva do citado autor. Alguns trechos foram extraídos de citações bíblicas e outros, com a fundamentação na doutrina dos espíritos, codificada por Allan Kardec. Paulo de Tarso sobre este assunto assim se refere: (a ordem dos versículos foi alterada para melhor entendimento); Em a Epístola aos Romanos : VI - 6 Sabendo nós que o nosso homem velho foi crucificado juntamente com Ele, a fim de que seja destruído o corpo do pecado, para que não sirvamos jamais ao pecado; VIII – 12 Portanto irmãos, não somos devedores à carne, para que vivamos segundo a carne; 13 Porque se viverdes segundo a carne morrereis; mas se , pelo espírito, fizerdes morrer as obras da carne, viverei; 5 Porque os que são segundo a carne gostam das coisas que são da carne; mas os que são segundo o espírito, gostam das coisas que são do espírito; XII – 1 ao 3 , Rogo-vos, pois, irmãos pela misericórdia de Deus que ofereçais os vossos corpos como uma hóstia viva, santa, agradável a Deus, que é o culto racional que lhe deveis, e não vos conformeis com este século, mas reformai-vos com o renovamento do vosso espírito para que reconheçais qual é a vontade de Deus, boa, agradável e perfeita; Paulo ainda nos informa como somos dispostos na dor e como ela a nós se comunica: I Corintios XII : 12 Mas todos os membros do corpo embora sejam muitos, são contudo um só corpo, assim é também Cristo; 24 E os nossos membros honestos não têm necessidade de nada; mas Deus dispôs o corpo dando maior honra àquele membro, que a não tinha em si, para que não haja cisma no corpo, mas os membros tenham o mesmo cuidado um com os outros; de maneira que se um membro sofre todos os membros sofrem com ele, ou se um membro recebe glória, todos os membros se regozijam com ele; Na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo XI, item 11, encontramos rigorosa opinião a cerca do estudo que realizamos; “O Egoísmo, essa chaga da humanidade deve desaparecer da Terra, cujo progresso moral retarda; ao espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la subir na hierarquia dos mundos; Ao buscar o sentido da palavra Egoísmo nos dicionários, encontramos o seguinte significado: “Excessivo amor ao bem próprio sem atender aos dos outros.” Leon Denis, em sua obra, O Problema do Ser, página 348, assim relata: “Não se pode desconhecer que o físico exerce às vezes, grande influência sobre o moral; todavia na luta travada entre ambos, as almas fortes triunfam sempre. Sócrates dizia que havia sentido germinar em si os instintos mais perversos e que os domara.” Ainda na página 121, Leon Denis, diz: “Grandioso é o espetáculo da luta do espírito contra a matéria, luta para conquista do globo, luta contra os elementos, os flagelos, contra a miséria, a dor e a morte.” Partindo deste princípio de estudo, e em observando-se O Livro dos Espíritos, em sua parte introdutória, encontramos vários conceitos que nos auxiliará sobre a matéria estudada: Introdução: II – Princípio Vital, o princípio da vida material e orgânica, qualquer que seja a fonte donde promane, princípio esse comum a todos os seres vivos desde as plantas até o homem. ( 7º § ). VI - O Espírito encarnado, se acha sob a influência da matéria; o homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons espíritos, em cuja companhia um dia estará ( 24º § ). - Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade, são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual. Allan Kardec em Obras Póstumas, no capítulo Minha Missão, a título de exemplo, dizia: “..... Mas também ao lado dessas vicissitudes, que satisfação senti vendo a obra crescer de modo tão prodigioso. Com quantas doces consolações as minhas tribulações foram pagas. Quando me chegava uma decepção, uma contrariedade qualquer, elevava-me pelo pensamento, acima da humanidade; colocava-me, por antecipação, na região dos espíritos e, desse ponto culminante, de onde descobria o meu ponto de atraso, as misérias da vida deslizavam sobre mim sem me atingir, fizera-me disso um tal hábito que os gritos dos maus jamais me perturbaram.” Em Prolegômenos, da mesma obra, obtemos nova informação sobre a matéria estudada: O homem quintessencia o espírito pelo trabalho, e tu (acho que a humanidade) sabes que só mediante o trabalho do corpo, o espírito adquire conhecimentos. (12º). De O Livro dos Espíritos, como base , podemos extrair bastante informação para qualificar o estudo, nas seguintes questões: 17 – É dado ao homem conhecer o princípio das coisas? R.: Não, Deus não permite que ao homem tudo seja revelado neste mundo. 21 - A matéria existe desde toda a eternidade como Deus, ou foi criada por ele em dado momento? R.: Só Deus o sabe..... 590 – Não haverá nas plantas, como nos animais, um instinto de conservação, que as induza a procurar o que lhes possa ser útil e a evitar o que lhes possa ser nocivo? R.: Há se quiserdes uma espécie de instinto dependendo isso da extensão que se dê ao significado desta palavra, é porém um instinto puramente mecânico... 25 – O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores são da luz e o som o é do ar? R.: São distintos uma do outro; mas a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria. 30 – A matéria é formada de um só ou de muitos elementos? R.: De um só elemento primitivo, os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva. 31 – Donde se originam as diversas propriedades da matéria? R.: São modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias. 34 – As moléculas tem forma determinada? R.: Certamente, as moléculas têm uma forma porém não sois capazes de apreciá-la. 34 – a – Essa forma é constante ou variável? R.: Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras, porque o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar. 27 – Há então dois elementos gerais do Universo, a matéria e o espírito? ..... Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal que desempenha o papel intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela....Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito de utiliza é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. Do livro A Gênese, em seu capítulo X, item 14, podemos em certo sentido compreender a formação dos elementos constitutivos das substâncias: “ As diferentes combinações dos elementos para formação das substâncias minerais, vegetais, animais, não podem, pois, operar-se, a não ser nos meios e em circunstâncias propícias; fora dessas circunstâncias os princípios elementares estão numa espécie de inércia. Mas desde que as circunstâncias se tornam favoráveis, começa um trabalho de elaboração, as moléculas entram em movimento, agitam-se, atraem-se, aproximando-se e se separam em virtude da lei de afinidades e por suas múltiplas combinações, compõem a infinita variedade das substâncias.” Continuando com a leitura de O Livro dos Espíritos, vamos agora entender a necessidade da presença do princípio vital na formação dos corpos; 64 – Vimos que o espírito e a matéria são dois elementos constitutivos do universo, o princípio vital será um terceiro? R.: É sem dúvida .... , tem sua origem na matéria universal modificada .... é para nós um elemento, como o oxigênio e o hidrogênio, que entretanto não são elementos primitivos, pois que tudo isso deriva de um só princípio. 62 – Qual a causa da animalização da matéria? R.: Sua união com o princípio vital. Em concluindo este início da pesquisa podemos estabelecer que como seres humanos e com nossos sentidos voltados à predominância dos instintos, pergunta-se, como estabelecer um tipo de comportamento que nos direcione para a libertação desses vícios e paixões que ainda muito nos transtornam ? A partir de qual momento, conceituaremos dentro de nós que a direção que tomamos durante a nossa vida, que nos leva para fora da verdadeira vida, que é a espiritual está equivocada, e que o despertamento para esse fato nos fará alterar a nossa maneira de viver? Primeiramente, deveremos escolher ou visualizar um ponto de partida, e dentro desse roteiro, haveremos de nos guiar por um modelo. E se para esse modelo optarmos pelo descrito em O Livro dos Espíritos questão 625, Jesus ? De certa forma em seu evangelho, ele nos faz compreender claramente, que utiliando-nos do bom livre arbítrio, somente poderemos alcançar a plena liberdade quando nos colocarmos frente a frente com as nossas imperfeições, e Ele aí já nos mostram como nos libertar dos principais instintos corruptores da matéria o orgulho, o egoísmo e a vaidade. Nesse sentido o Professor Carlos Torres Pastorino, em sua obra Sabedoria do Evangelho estabeleceu um grande estudo de como pode se dá o conhece-te a ti mesmo, momento este crucial para o ponto de partida da nossa afirmação como criatura divina, portadora de fé e co-criador com Deus. Seguindo Pastorino, encontramos: Sabedoria do Evangelho, 1º Volume – Tentação de Jesus ..... “ Antagonista, adversário, tentador, todos os três epítetos referem-se à personalidade: é o quaternário inferior que, pela encarnação, estabelece a separação, a divisão, a desunião entre as criaturas; é o adversário e o antagonista da evolução, que tenta o homem para que volte sempre à matéria.” Seguindo este início como apresentação, na mesma obra são enumeradas as tentações, e para Pastorino, ele diz que lhe parece mais lógica a sequência dada por Mateus, em seu evangelho: EGOÍSMO – Transformar as pedras em pães, para saciar a própria fome, trata-se de um desejo animal de satisfazer à fome, isto é, aos apetites egoístas do quaternário inferior. A resposta de Jesus é extraída do Deuteronômio VIII, 3 – “Nem só de pão vive o homem, mas de tudo o que sai da boca de Deus.” Faz-nos compreender que a alimentação espiritual da tríade superior também pode saciar essas fomes. Na luta da sobrevivência e do bem estar, da satisfação das necessidades básicas da criatura humana: a fome, o repouso, as ânsias fisiológicas do sexo, as angústias das sensações chamadas físicas na realidade pertencentes ao duplo etérico (perispírito). VAIDADE – Lançar-se de grande altura confiando que Deus mandará mensageiros para ajudá-lo. O adversário apresenta-se com uma frase do Salmo XCI, 11, 12 – Porque mandou aos seus anjos em teu favor, que te guardem em todos os teus caminhos, eles te levarão nas suas mãos para que o teu pé não tropece em alguma pedra. Mas Jesus lhe responde com outra do Deuteronômio VI, 16 – “ Não tentarás o Senhor teu Deus, como o tentaste no lugar da tentação.” A vaidade, própria do Eu personalístico que se julga separado, diferente, e sempre, são rarísimas exceções, superior a todos os demais, é outra das mais difíceis provas a serem superadas pelo espírito mergulhado na cruz da personalidade (espírito encarnado). ORGULHO – Usar qualquer meio bajulatório para obter fama e poder de domínio. Volta Jesus com o versículo do Deuteronômio VI, 13, mostrando que Deus está acima de tudo, e só a ele podemos e devemos prestar culto, reverência e obediência, não devendo utilizar-nos de meios escusos para adquirir vantagens nem pessoais, nem para grupos. Esta é a experimentação que as criaturas encarnadas (presas à personalidade crucificadas no quaternário inferior) tem maior dificuldade em superar. Não é mais no duplo etérico (perispírito) com as sensações, nem no astral com as emoções, mas no mais terrível de todos os adversários, maior que os prazeres (sensações), maior que a vaidade (emoções). Trata-se do intelecto, isto é, do orgulho de julgar-se melhor que os outros, acima dos outros. Pode tratar-se de qualquer criatura, nos mais diferentes níveis sociais, há um ponto em que não cede, há sempre um aspecto em que ninguém o iguala. Podemos apresentar alguns exemplos deste vício que tanto nos desvirtua do verdadeiro caminho; • ambição desmedida das posses materiais; • o julgamento que sempre achamos no direito de fazer; • o domínio de um determinado grupo para fazer valer sua autoridade; • os ditos escolhidos de Deus. Para superar essa tentação, há um só remédio: o auto sacrifício do nosso personalismo, ligaremos nosso espírito ao Eu real. Quando, porém, o homem vence as três etapas, dominando as sensações, as emoções e o intelecto, ele vê que os anjos de Deus vem servi-lo, e o eu menor, se retira vencido, até o momento oportuno, porque outras provas ainda virão, todas elas ensinadas nos evangelhos, e nos demais institutos doutrinários espírita. De posse deste princípio estudado, busquemos a palavra do professor Allan Kardec, e dos instrutores espirituais, em O Livro dos Espíritos, capítulo XII, questões de 913 a 917: 913 – Dentre os vícios, qual o mais radical? R.: ..... O Egoísmo.... 914 - O homem conseguirá extirpá-lo? R.: ..... Se instruindo das coisas espirituais ..... dar menos valor as coisas materiais. 915 - ..... Inerente à espécie humana, o egoísmo é um obstáculo ao bem da Terra? R.: ..... Ele se prende à inferioridade dos espíritos encarnados na Terra. Mas não será isso uma regra, posto que existem muitos homens isentos de egoísmo e praticantes da caridade. 916 – .... O egoísmo parece crescer e se manter, como destruir seu efeito? R.: ..... Quando os homens realmente forem bons, auxiliando-se reciprocamente, impelidos pela solidariedade. 917 – Qual o meio de destruir-se o Egoísmo? A esta questão responde um dos espíritos mais conceituados, Fenelon, informando sobre, onde se situa em nosso interior e como prevenir-nos e libertar-nos deste vício; indicando-nos ainda a questão 785, que trata do obstáculo ao progresso, indica-nos que existe uma felicidade maior e mais duradoura. Até aí a pesquisa circundou o estudo da personalidade das criaturas mais voltadas às sensações, procurando a satisfação dos desejos físicos e materiais. Em contrapartida foi também elaborado o princípio de como podemos nos libertar desses sentidos mais grosseiros. Mas passaremos àquele grupo de seres que permanecem refratários aos ensinos doutrinários de Jesus e quais os resultados a que estão passíveis de se sujeitarem. Através da obra de Leon Denis, O Problema do Ser, capítulo XXVI, obtemos: “A dor física é, em geral, um aviso da natureza, que procura preservar-nos dos excessos. Sem ela, abusaríamos de nossos órgãos até o ponto de os destruirmos antes do tempo. Persistindo em desconhecer os avisos repetidos da natureza, deixamos as doenças desenvolverem-se em nós, pode ela ser um benefício, se , causada por nossos abusos e vícios, nos ensinar a detestá-las e corrigir-nos delas. É necessário sofrer para nos conhecermos, e conhecermos bem a vida. O sofrimento, por sua ação química, tem sempre um resultado útil, mas esse resultado varia infinitamente segundo os indivíduos e seu estado de adiantamento. Apurando o nosso invólucro material dá mais força ao ser interior, mais facilidade para desapegar das coisas terrenas. A dor é como uma asa dada à alma escravizada pela carne para ajudá-la a desprender-se e a elevar-se mais alto.” E nas obras e André Luiz poderemos desvendar como se darão esses sofrimentos. Em Mecanismos da Mediunidade, capítulo IV, encontramos a seguinte passagem: “ Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial, entretanto, ele ainda é matéria – a matéria mental. A matéria mental é o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações do prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes, por enquanto imponderáveis na Terra, de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade. Pelos princípios mentais que influenciam em todas as direções, encontramos a telementação e a reflexão comandando todos os fenômenos de associação desde o acasalamento dos insetos, até a comunhão dos espíritos superiores, cujo sistema de aglutinação nos é, por agora proibido o conhecimento. Emitindo uma idéia, passamos a refletir as que se assemelham, idéia essa que para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustenta-lá, mantendo-nos, assim espontaneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir. É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório, o intercâmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas que se nos movimenta o espírito no mundo das formas-pensamentos, construções substanciadas na esfera da alma, que nos liberam o passo ou no-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha.” Wenefledo de Toledo em Estudando a Mediunidade, nos informa: “O homem vive através de três forças conjugadas, que são: vontade, pensamento e ação”. • A vontade é a energia que comanda a trajetória do desejo. • O pensamento é a força viva que manipula a forma pelas idéias. • A ação é o impulso dado para a direção que o pensamento marcou. A força magnética é inata ao homem. Todos os corpos a possuem, ela tem duas funções: atração e repulsão. Ela se distingue pela qualidade boa ou má que emite nas diferentes influenciações que exerce sobre o homem. Os nossos pensamentos mais simples, em aparência, influem sobre nós e sobre os que nos rodeiam, contribuindo assim, em uma certa medida, para a nossa felicidade ou infelicidade. Os pensamentos que emitimos com persistência apegam-se-nos atraindo outros da mesma natureza.” Mas como se corporificam então essas matérias mentais, causando-nos grande sofrimento e dor? Podemos tomar como caminho sobre esta matéria, a obra de André Luiz em Evolução em Dois Mundos, capítulo XIV, Início da Mentossíntese. Antes mesmo do estudo da matéria citada, vamos em O Livro dos Espíritos em uma questão muito importante: 459 – Influem os espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? R.: Muito mais do que imaginais, influem a tal ponto, que de ordinário, são eles que vos dirigem. Voltando então a André Luiz ao tratado da Mentossíntese, este vocábulo forma-se a partir de dois outros vocábulos que são mente e síntese, os quais significam ; mente, consciência humana que se origina no cérebro e é manifestada pelo pensamento, emoção, desejo, memória, imaginação; síntese, combinação de elementos ou substâncias separadas para formar um todo coerente. Em Química, formação de um composto de elementos mais simples. Diz então André Luiz: “O Princípio inteligente inicia-se desde então nas operações que classificaremos como sendo “mentossíntese”, porque baseadas na troca de fluidos mentais multiformes, através dos quais emite as próprias idéias e radiações, assimilando as radiações e idéias alheias.” No mesmo capítulo André Luiz ainda ressalta acerca das simbioses mentais: “Semelhantes processos de associação aparecem largamente empregados pela mente desencarnada, ainda tateante, na existência além túmulo. E qual cogumelo que projeta para dentro dos tecidos da alga, dominadores apêndices com os quais lhe suga grande parte dos elementos orgânicos por ela própria assimilados, o espírito desenfaixado da veste física lança habitualmente, para a intimidade dos tecidos fisiopsicossomáticos daqueles que o asilam, as emanações do seu corpo espiritual, como radículas alongadas, ou sutis alavancas de força, subtraindo-lhes a vitalidade, elaboradas por eles nos processos da biosintese, sustentando-se, por vezes, largo tempo nessa permuta viva de forças.” Na mesma obra capítulo XV, Vampirismo Espiritual, Infecções Fluídicas, temos: “Muitos acometem os adversários que se entrosam no corpo terrestre, empolgando-lhes a imaginação com forças mentais monstruosas, operando perturbações que podemos classificar como - infecções fluídicas - e que determinam o colapso cerebral com arrasadora loucura. Alguns, como os ectoparasitas temporários procedem à semelhança dos mosquitos e dos ácaros, absorvendo as emanações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam; mas outros muitos, quais endoparasitas conscientes, após se inteirarem dos pontos vulneráveis de suas vítimas, segregam sobre elas determinados produtos, filiados ao quimismo do espírito, e que podemos nomear como simpatinas e aglutininas mentais, produtos esses que, sub-repticiamente lhes modificam a essência dos próprios pensamentos a verterem, contínuos, dos fulcros energéticos do tálamo no diencéfalo. Estabelecida essa operação de ajuste, que os desencarnados e encarnados, comprometidos em aviltamento mútuo, realizam em franco automatismo, à maneira dos animais em absoluto primitivismo nas linhas da natureza, os verdugos comumente senhoreiam os neurônios do hipotálamo, acentuando a própria dominação sobre o feixe amielínico que o liga ao córtex frontal, controlando as estações sensíveis do centro coronário que aí se fixam para o governo das excitações, e produzem nas suas vítimas, quando contrariadas em seus desígnios, inibições de funções viscerais diversas, mediante influência mecânica sobre o simpático e parassimpático. Tais manobras em processos intricados de vampirismo, prestigiam o regime de medo ou de guerra nervosa nas criaturas de que se vingam, alterando-lhes a tela psíquica ou impondo prejuízos constantes aos tecidos somáticos.” Vamos a partir deste capítulo conhecer os termos utilizados por André Luiz: • Ectoparasitas – parasita de envoltório externo • Endoparasitas – parasita de envoltório interno • Quimismo – conjunto de combinações de um organismo • Aglutinina – substância do soro sanguíneo, aglutina as células ou bactérias • Tálamo do Diencéfalo – leito da cavidade do crânio onde estão compreendidos o cerebelo e o bulbo raqueano • Hipotálamo – porção do cérebro que controla a temperatura do corpo, as funções sexuais, o sono, o apetite, o metabolismo da água, etc. • Córtex frontal – camada superior do cérebro • Centro coronário – ponto de interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisio psicossomáticas organizadas • Simpático – Sistema nervoso autônomo • Parassimpático – Uma das partes em que se divide o sistema nervoso vegetativo, que funciona em antagonismo relativo com o sistema nervoso simpático Sobre esses assuntos nos apresenta André Luiz por Francisco Candido Xavier: “Há pequenos prazeres que a maneira de micróbios violentos e perseverantes que nos desintegram o envoltório físico, nos intoxicam a alma, e lhe destroem as mais santas esperanças. Todos nós somos dínamos, vivendo nos mais remotos ângulos da vida, com o infinito por clima de progresso e com a eternidade por meta sublime. Geramos raios, emitimo-los e recebemo-los constantemente, nossas atitudes e deliberações costumes e emoções, criam cargas elétricas de variadas expressões. - O uso do álcool estabelece raios entorpecentes e forma elementos intoxicantes. - A cólera forma nuvens de princípios destruidores. - A maldade projeta dardos de trevas. - O ciúme é uma tempestade interior. - A inveja é uma atmosfera enregelante. - O egoísmo é o casulo da sombra. - A conversação indigna á pasto de entidades viciosas. - A queixa é tradução de ociosidade. - O abuso é sempre inclinação da alma ou queda do sentimento no precipício.” Temos que todas as doenças penetram no corpo através do perispírito, mesmo as traumáticas ou acidentais, ou como as de causa nas correntes perturbadoras. Em Obras Póstumas, Allan Kardec sobre perispírito cita: “Os espíritos tem um corpo fluídico ao qual se dá o nome de perispírito, sua substância é haurida no fluido cósmico universal que a forma ou alimenta. O perispírito é o intermediário entre o espírito e o corpo, é o órgão e transmissão de todas as sensações. Para aquelas sensações que vem do exterior pode-se dizer que, o corpo recebe a impressão, o perispírito a transmite e o espírito a recebe, quando o ato parte do espírito segue-se o caminho inverso. O perispírito não se encerra nos limites do corpo, ele é expansível, irradia ao redor da forma, em torno do corpo, e entre corpos não havendo contato poderá ocorrer contato perispiritual onde irá transmitir suas impressões, ele desempenha papel importante em todos os fenômenos psicológicos e em até certo ponto nos fenômenos fisiológicos e patológicos, pois outros fenômenos poderão advir de registros de outras existências.” De modo conclusivo, podemos ainda em observância à mesma obra, no capítulo de O Egoísmo e O Orgulho, extrair alguns conceitos: “O Egoísmo e O Orgulho tem sua fonte no instinto de conservação, e em sendo esse instinto criado por Deus, não é inútil, foi o homem que o tornou mal em virtude do seu livre arbítrio.” Os homens não podem ser felizes se não vivem em paz, se não estão animados de um sentimento de benevolência, de indulgência e de condescendência recíprocos, enquanto procurarem se esmagar uns aos outros. A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e deveres sociais, mas supõem abnegação que é incompatível com o egoísmo e o orgulho, pois a criatura quer tudo para si. O principal dessas causas, se liga evidentemente à falsa idéia que o homem faz da sua natureza, de seu passado e de seu futuro; não sabendo de onde vem, se crê mais do que não é; não sabendo para onde vai, concentra todo o seu pensamento em uma única vida terrestre, ele a vê e tenta fazê-la tão agradável quanto possível, quer todas as satisfações todos os gozos possíveis e por isso age sem escrúpulos, contra o próximo como consigo mesmo. Daí a justiça apregoada na reencarnação que os espíritos podem renascer em diferentes condições, seja como expiação, seja como prova. Daí onde poderemos reconhecer o humilhado de hoje como o orgulhoso do passado; o pobre desvalido no egoísta de ontem. Mas em nada sendo brusco na natureza o homem deverá iniciar a sua transformação moral, esforçando-se para domar suas más inclinações e curando os seus males, conduzindo-se para reconhecer-se como verdadeiro homem de bem, praticando a lei de justiça, de amor de caridade, em sua maior pureza. Tendo fé em Deus, fé no futuro, fazendo o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribuindo o mal com o bem, toma a defesa do fraco, porque vê irmão em todos os homens, vendo-se como integrante da família universal.” É o estudo.

Dilúvio nas mitologias

Dilúvio nas mitologias Dilúvio judaico Segundo a Bíblia, Noé, seguindo as instruções divinas, constrói uma arca para a preservação da vida na Terra, na qual abriga um casal de cada espécie animal, bem como a ele e sua família, enquanto Deus, exercendo julgamento sobre os ante-diluvianos (povo de ações perversas), inundava toda a Terra com uma chuva que duraria quarenta dias e quarenta noites. Após alguns meses, quando as águas começaram a baixar, Noé enviou uma pomba, que lhe trouxe uma folha de oliveira. A partir daí, os descendentes de Noé teriam repovoado a Terra, dando origem a todos os povos conhecidos. Na esfera cultural hebraica primitiva, o evento do Dilúvio contribuiu para o estabelecimento de uma identidade étnica entre os diferentes povos semíticos (todos descendentes de Sem, filho de Noé), bem como sua distinção dos outros povos ao seu redor (cananeus, descendentes de Canaã, neto de Noé, núbios ou cuxitas, descendentes de Cuxe, outro neto de Noé, etc.). No Antigo Testamento, Noé amaldiçoa Canaã e abençoa Sem, o que serviria mais tarde como uma das justificativas para a invasão e conquista da terra dos cananeus pelas Tribos de Israel. Outros textos judaico-cristãos Esta versão é considerada real por Criacionistas. Ainda na Bíblia, Jesus faz referência ao evento, no Livro de Mateus,[1] Igualmente, outros textos judaico-cristãos considerados apócrifos, tais como o Livro de Enoque, dizem que a história do dilúvio não somente foi um castigo aos homens que fizeram o mal, mas principalmente contra um grupo de anjos chamados vigilantes, e seus filhos gigantes, chamados nephillim. Estes seres, segundo estes textos haviam sido os causadores de um grande desequilíbrio entre os homens.Desta forma se uniriam as histórias destes seres nomeados en Gênesis.[2] Esta versão do dilúvio bíblico se veria apoiada por uma passagem no Livro da Sabedoria.[3] Criacionismo Os defensores de algumas vertentes do criacionismo da Terra jovem - um dos movimentos fundamentalistas que visam defender a literalidade de diversas narrativas religiosas - crêem num dilúvio literalmente universal, que teria provocado a extinção de 90% de todas as espécies que já viveram, cujos fósseis se encontram distribuídos por diversas camadas geológicas de acordo com um padrão que os cientistas atribuem às eras geológicas. Essas eras geológicas, segundo algumas interpretações fundamentalistas, seriam uma ilusão, pois todos os seres preservados no registro fóssil teriam sido contemporâneos, tendo sido distribuídos em estratos geológicos durante a inundação universal, coincidentemente sendo enterrados subitamente no padrão exato que se esperaria de uma longa história evolutiva ao longo de várias eras. Esses criacionistas defendem com evidências que as colunas geológicas nem sempre se apresentam na ordem esperada, mas ocorrem inversões que julgam ser inexplicáveis, negando as explicações dadas pelos cientistas.[1]. Outra alegação de alguns criacionistas é a de que a idéia de coluna geológica assume a evolução como fato e a toma como base, no entanto cientistas pioneiros da Geologia, que não aceitavam a teoria da evolução em seus primórdios, defendiam os mesmos estratos geológicos, e o pioneiro da geologia, William Smith, foi o primeiro a reconhecer os estratos geológicos e a sucessão de faunas, anos antes da publicação das idéias de Charles Darwin sobre evolução biológica. Outra defesa dos estratos geológicos se dá por meio da datação radiométrica, que não se baseia em qualquer conceito de evolução biológica, mas apenas na física.[2] Os criacionistas da Terra jovem, no entanto, negam também a validade dos métodos de datação radiométrica.[3] Como evidência da contemporaneidade de seres que os cientistas defendem ser de eras distintas, alguns deles apontam por exemplo, trilhas de dinossauros em leitos de rios como o rio Paluxy em Glen Rose, Texas, EUA, ao lado de pegadas que parecem ser de humanos gigantes. Os cientistas, no entanto, atribuem todas essas pegadas a dinossauros, e que a forma aparentemente humana de algumas se deve à erosão, em alguns casos natural, em outros por adulteração.[4][5] Outros criacionistas, negam a existência passada de formas de vida não contemporâneas, como os dinossauros, acreditando que sejam todas falsificações dos cientistas que defendem a teoria da evolução.[6]. Outros ainda, sustentam que não apenas os dinossauros foram contemporâneos do homem, mas que possam ainda existir como "fósseis vivos", e apontam como evidência casos de criptozoologia como o do Mokele-mbembe e o monstro do lago Ness.[7]. De modo geral, a maioria acredita que todos ou a maioria dos seres hoje extintos não couberam ou foram impedidos de entrar na arca de Noé. Dilúvio Sumério O mito sumério de Gilgamesh conta os feitos do rei da cidade de Uruk, Gilgamesh, que parte em uma jornada de aventuras em busca da imortalidade, nesta busca encontra as duas únicas pessoas imortais: Utanapistim e sua esposa, estes contam à Gilgamesh como conquistaram tal sorte, esta é a história do dilúvio. O casal recebeu o dom da imortalidade ao sobreviver ao dilúvio que consumiu a raça humana. Na tradição suméria, o homem foi dizimado por incomodar aos deuses. Segundo este mito, o deus Ea, por meio de um sonho, apareceu a Utanapistim e lhe revelou as pretensões dos deuses de exterminar os humanos através de um dilúvio. Ea pede a Utanapistim que renuncie aos bens materiais e conserve o coração puro. Utanapistim, então, reúne sua família e constrói a embarcação que lhe foi ordenada por Ea, estes ficam por sete dias debaixo do dilúvio que consome com os humanos. Aqui um trecho de tal história: "Eu percebi que havia grande silêncio, não havia um só ser humano vivo além de nós, no barco. Ao barro, ao lodo haviam retornado. A água se estendia plana como um telhado, então eu da janela chorei, pois as águas haviam encoberto o mundo todo. Em vão procurei por terra, somente consegui descobrir uma montanha, o Monte Nisir, onde encalhamos e ali ficamos por sete dias, retidos. Resolvi soltar uma pomba, que voou para longe, não encontrando local para pouso retornou (…) Então soltei um corvo, este voou para longe encontrou alimento e não retornou." (TAMEN, Pedro. Gilgamesh, Rei de Uruk. São Paulo: ed. Ars Poetica, 1992.) Dilúvio hindu Nas escrituras védicas da Índia encontramos um rei chamado Svayambhuva Manu, que foi avisado sobre o dilúvio por uma encarnação de Vishnu(Matsya Avatar). Matsya arrastou o barco de Manu e lhe salvou da destruição. Dilúvio grego A mitlogia grega relata a história de um grande dilúvio produzido por Poseidon, que por ordem de Zeus havia decidido pôr fim à existência humana, uma vez que estes haviam aceitado o fogo roubado por Prometeu do Monte Olimpo. Deucalião e sua esposa Pirra foram os únicos sobreviventes. Prometeu disse a seu filho Deucalião que construísse uma arca e nela introduziesse uma casal de cada animal, de forma análoga à Arca de Noé. Assim estes sobreviveram. Ao terminar o dilúvio, a arca de Deucalião pousou sobre o Monte Parnaso, onde estava o Oráculo de Temis. Deucalião e Pirra entraram no templo, para que o oráculo lhes dissesse o que deviam fazer para voltar a povoar a Terra, e a deusa somente lhes disse:"Voltem aos ossos de suas mães" Deucalião e sua mulher adivinharam que o oráculo se referia às rochas.Destas formas, as pedras tocadas por Deucalião se converteram em homens, e as tocadas por Pirra em ninfas ou deusas menosres, por que ainda não se havia criado a mulher. Dilúvio mapuche Nas tradições do povo Mapuche igualmente existe uma lenda sobre uma inundação do lugar deste povo (ou do planeta). A lenda se refere à história das serpentes, chamadas Tentem Vilu e Caicai Vilu. Dilúvio pascuenses A tradição do povo da Ilha de Páscoa diz que seus ancestrais chegaram à ilha escapando da inundação de um mítico continente, ou ilha, chamado Hiva. Dilúvio maia A mitologia do povo maia relata a existência de um dilúvio enviado pelo deus Huracán. Segundo o Popol Vuh, livro que reúne relatos históricos e mitológicos do grupo étnico maia-quiché, os deuses, após terminarem a criação do mundo, da natureza e dos seres vivos, decidiram criar seres capazes de lhes exaltar e servir. São criados então os primeiros seres humanos, moldados em barro. Porém, esses seres de barro não eram resistentes ao clima e à chuva e logo se desfizeram em lama. Então, os deuses criaram o segundo tipo de seres humanos, à partir de madeira. Essa segunda humanidade, ao contrário da primeira, prosperou e rapidamente se multiplicou em muitos povos e cidades (tudo indica que é nessa época da segunda humanidade que se passam as aventuras dos gêmeos heróis Hunahpú e Ixbalanqué contra os senhores de Xibalba). Mas esses seres feitos de madeira não agradaram aos deuses. Eles eram secos, não temiam aos deuses e não tinham sangue. Se tornaram arrogantes e não praticavam sacrifícios aos seus criadores. Então, os deuses decidem exterminar essa segunda humanidade através de um dilúvio. Ao contrário da maioria dos outros relatos conhecidos sobre dilúvios, nenhum indivíduo foi poupado. Após a catástrofe, a matéria prima utilizada para moldar os novos seres humanos foi o milho. Foram criados quatro casais, que são considerados os oito primeiros índios quiché. Eles deram origem às três famílias fundadoras da Guatemala, pois um dos casais não deixou descendência. Dilúvio asteca No manuscrito asteca denominado como Código borgia, há a história do mundo dividido em idades, das quais a última terminou com um grande dilúvio produzido pela deusa Chalchihuitlicue. Dilúvio inca Na mitologia dos incas, Viracocha destruiu os gigantes com uma grande inundação, e duas pessoas repovoaram a Terra (Manco Capac e Mama Ocllo mais dois irmãos que sobreviveram. A religião é um forte elo de ligação entre as várias culturas andinas, sejam elas pré-incaicas ou incas. A imposição do Deus Sol é um forte elemento da crença e dominação através do mental, ou seja daquilo que permanece impregnado por gerações nas concepções e mentalidades destas culturas, adorando o Deus imposto e entendendo ser ele o mais importante. Pedro Sarmiento de Gamboa, cronista espanhol do século XVI, relata como os Incas narravam sua criação e as lendas que eram passadas através da oralidade de geração em geração, desde o surgimento de Viracocha e seus ensinamentos, procurando definir um homem que o venerasse e fosse pregador de seus conhecimentos. Em algumas tentativas de criar este homem, Viracocha acaba punindo-o com um grande dilúvio pela não obediência como comenta Gamboa(2001): Mas como entre ellos naciesen vicios de soberbia y codicia, traspasaron el precepto del Viracocha Pachayachachi ,que cayendo por esta trasgresión en la indignación suya, los confundió y maldijo. Y luego fueron unos convertidos en piedras y otros en formas, a otros trago la tierra y otros el mar,y sobre todo les envió un diluvio general, al cual llaman uñu pachacuti , que quiere decir “agua que trastornó la tierra”. Y dicen que llovió sesenta días y sesenta noches, y que se anegó todo lo creado, y que solo quedaron algunas señales de los que se convierteron en piedras para memoria del hecho y para ejemplo a los venideros en los edificios de pucara que es sesenta leguas del Cuzco. (p. 40) A narração do dilúvio está presente entre muitos povos e culturas por todo o mundo. O início de tudo, ou seja, a criação, é um fator muito importante para estabelecer relações e explicações sobre o que não se conhece e o que não foi vivido. Assim, os mitos e lendas buscam criar uma ancestralidade, um ponto em comum que defina a origem e o começo do cosmos e tudo existente nele, ou seja, o conhecer de si mesmo, do próprio homem inserido na natureza, buscando sua sobrevivência e continuidade de sua existência e a harmonia com os elementos naturais e sobrenaturais. Dilúvio Uro O povo uro (ou uru), que habita próximo ao Lago Titicaca, crê numa lenda que diz que depois do dilúvio universal, foi neste lago onde se viram os primeiros raios do Sol. Hipótese histórica A consistência de tais histórias e sua extensa distribuição ao redor do globo fez com que alguns pesquisadores procurassem vestígios que a comprovassem, de acordo com métodos de pesquisa científicos..[4] Em 1998, os geólogos da Universidade de Columbia William Ryan e Walter Pittman elaboraram a teoria de que o Dilúvio na verdade seria um mito derivado de uma fantástica catástrofe natural, ocorrida por volta do ano 5600 a.C., nas margens do atual Mar Negro. Segundo as proposições dos dois pesquisadores, o evento regional teria provocado a migração de diversos grupos sobreviventes – o que explicaria o caráter dito universal (que se encontra em várias culturas) do Dilúvio. Para os geólogos, o evento foi provocado pelo degelo ocorrido ao final da última glaciação. Em suas pesquisas, analisaram as formações geológicas e imagens submarinas, concluindo que uma grande quantidade de água marinha rompeu o atual estreito de Bósforo, com a elevação paulatina e excessiva do Mar Egeu e dali para o Mar de Mármara, ocasionando a abrupta inundação do Mar Negro. Aditaram, com muitos contraditores, que a agricultura, então incipiente na vida humana, também se propagara a partir dessa migração pela Europa, Ásia e Oriente Médio. O meio científico considera plausível o cataclismo, mas não as conclusões de que esta tenha sido a origem do mito do dilúvio. Há a hipótese de que uma grande inundação tenha ocorrido na Mesopotâmia, causada pelos rios Tigre e Eufrates, por uma elevação anormal do nível d'água (estipula-se que as enchentes naturais da agricultura sazional daquela região seriam em torno de nove metros, e nessa época os rios encheram-se cinco metros a mais, isto é, catorze metros), causando devastação por toda a região em algum momento. Essa alternativa, no entanto, não transmite corretamente a vívida descrição de caos que os relatos parecem mostrar, pela escala monumental que a lenda assume. O relato bíblico do Dilúvio chega a dizer: "Assim foram exterminadas todas as criaturas que havia sobre a face da Terra, tanto o homem como o gado, o réptil, e as aves do céu; todos foram exterminados da terra; ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca" (Gênesis 7:21-23). Alguns acreditam ainda que a própria arca poderia ser encontrada em algum ponto do Cáucaso, possivelmente no Monte Ararat, onde diversos relatos de pilotos que sobrevoaram a região durante a Segunda Guerra Mundial afirmavam ter visto um imenso barco no meio dessa cadeia de montanhas. O próprio National Geographic já fez pesquisas a respeito.[5] Ainda segundo o cientista brasileiro Arysio Nunes dos Santos,[6] o dilúvio estaria relacionado à lenda de Atlantis, cidade mítica grega, que ainda segundo ele, também teria suas equivalentes em inúmeras outras culturas.