sexta-feira, 3 de outubro de 2014

AÇÃO DA MATÉRIA SOBRE O ESPÍRITO

PESQUISA – AÇÃO DA MATÉRIA SOBRE O ESPÍRITO Esta pesquisa foi iniciada a partir de uma determinada palestra onde foi citado o psiquiatra suíço Carl Jung, o qual considerava que grande número de indivíduos são muito influenciados pela primária imperfeição humana denominada Egoísmo, que é transmitido ao homem desde os primórdios da escala da evolução espiritual, iniciando-se do instinto, atributo essencial para a sobrevivência de qualquer sistema de vida. Surgiu certo interesse em aprofundar este assunto procurando estabelecer fundamentos para a assertiva do citado autor. Alguns trechos foram extraídos de citações bíblicas e outros, com a fundamentação na doutrina dos espíritos, codificada por Allan Kardec. Paulo de Tarso sobre este assunto assim se refere: (a ordem dos versículos foi alterada para melhor entendimento); Em a Epístola aos Romanos : VI - 6 Sabendo nós que o nosso homem velho foi crucificado juntamente com Ele, a fim de que seja destruído o corpo do pecado, para que não sirvamos jamais ao pecado; VIII – 12 Portanto irmãos, não somos devedores à carne, para que vivamos segundo a carne; 13 Porque se viverdes segundo a carne morrereis; mas se , pelo espírito, fizerdes morrer as obras da carne, viverei; 5 Porque os que são segundo a carne gostam das coisas que são da carne; mas os que são segundo o espírito, gostam das coisas que são do espírito; XII – 1 ao 3 , Rogo-vos, pois, irmãos pela misericórdia de Deus que ofereçais os vossos corpos como uma hóstia viva, santa, agradável a Deus, que é o culto racional que lhe deveis, e não vos conformeis com este século, mas reformai-vos com o renovamento do vosso espírito para que reconheçais qual é a vontade de Deus, boa, agradável e perfeita; Paulo ainda nos informa como somos dispostos na dor e como ela a nós se comunica: I Corintios XII : 12 Mas todos os membros do corpo embora sejam muitos, são contudo um só corpo, assim é também Cristo; 24 E os nossos membros honestos não têm necessidade de nada; mas Deus dispôs o corpo dando maior honra àquele membro, que a não tinha em si, para que não haja cisma no corpo, mas os membros tenham o mesmo cuidado um com os outros; de maneira que se um membro sofre todos os membros sofrem com ele, ou se um membro recebe glória, todos os membros se regozijam com ele; Na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo XI, item 11, encontramos rigorosa opinião a cerca do estudo que realizamos; “O Egoísmo, essa chaga da humanidade deve desaparecer da Terra, cujo progresso moral retarda; ao espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la subir na hierarquia dos mundos; Ao buscar o sentido da palavra Egoísmo nos dicionários, encontramos o seguinte significado: “Excessivo amor ao bem próprio sem atender aos dos outros.” Leon Denis, em sua obra, O Problema do Ser, página 348, assim relata: “Não se pode desconhecer que o físico exerce às vezes, grande influência sobre o moral; todavia na luta travada entre ambos, as almas fortes triunfam sempre. Sócrates dizia que havia sentido germinar em si os instintos mais perversos e que os domara.” Ainda na página 121, Leon Denis, diz: “Grandioso é o espetáculo da luta do espírito contra a matéria, luta para conquista do globo, luta contra os elementos, os flagelos, contra a miséria, a dor e a morte.” Partindo deste princípio de estudo, e em observando-se O Livro dos Espíritos, em sua parte introdutória, encontramos vários conceitos que nos auxiliará sobre a matéria estudada: Introdução: II – Princípio Vital, o princípio da vida material e orgânica, qualquer que seja a fonte donde promane, princípio esse comum a todos os seres vivos desde as plantas até o homem. ( 7º § ). VI - O Espírito encarnado, se acha sob a influência da matéria; o homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons espíritos, em cuja companhia um dia estará ( 24º § ). - Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade, são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual. Allan Kardec em Obras Póstumas, no capítulo Minha Missão, a título de exemplo, dizia: “..... Mas também ao lado dessas vicissitudes, que satisfação senti vendo a obra crescer de modo tão prodigioso. Com quantas doces consolações as minhas tribulações foram pagas. Quando me chegava uma decepção, uma contrariedade qualquer, elevava-me pelo pensamento, acima da humanidade; colocava-me, por antecipação, na região dos espíritos e, desse ponto culminante, de onde descobria o meu ponto de atraso, as misérias da vida deslizavam sobre mim sem me atingir, fizera-me disso um tal hábito que os gritos dos maus jamais me perturbaram.” Em Prolegômenos, da mesma obra, obtemos nova informação sobre a matéria estudada: O homem quintessencia o espírito pelo trabalho, e tu (acho que a humanidade) sabes que só mediante o trabalho do corpo, o espírito adquire conhecimentos. (12º). De O Livro dos Espíritos, como base , podemos extrair bastante informação para qualificar o estudo, nas seguintes questões: 17 – É dado ao homem conhecer o princípio das coisas? R.: Não, Deus não permite que ao homem tudo seja revelado neste mundo. 21 - A matéria existe desde toda a eternidade como Deus, ou foi criada por ele em dado momento? R.: Só Deus o sabe..... 590 – Não haverá nas plantas, como nos animais, um instinto de conservação, que as induza a procurar o que lhes possa ser útil e a evitar o que lhes possa ser nocivo? R.: Há se quiserdes uma espécie de instinto dependendo isso da extensão que se dê ao significado desta palavra, é porém um instinto puramente mecânico... 25 – O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores são da luz e o som o é do ar? R.: São distintos uma do outro; mas a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria. 30 – A matéria é formada de um só ou de muitos elementos? R.: De um só elemento primitivo, os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva. 31 – Donde se originam as diversas propriedades da matéria? R.: São modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias. 34 – As moléculas tem forma determinada? R.: Certamente, as moléculas têm uma forma porém não sois capazes de apreciá-la. 34 – a – Essa forma é constante ou variável? R.: Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras, porque o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar. 27 – Há então dois elementos gerais do Universo, a matéria e o espírito? ..... Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal que desempenha o papel intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela....Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito de utiliza é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. Do livro A Gênese, em seu capítulo X, item 14, podemos em certo sentido compreender a formação dos elementos constitutivos das substâncias: “ As diferentes combinações dos elementos para formação das substâncias minerais, vegetais, animais, não podem, pois, operar-se, a não ser nos meios e em circunstâncias propícias; fora dessas circunstâncias os princípios elementares estão numa espécie de inércia. Mas desde que as circunstâncias se tornam favoráveis, começa um trabalho de elaboração, as moléculas entram em movimento, agitam-se, atraem-se, aproximando-se e se separam em virtude da lei de afinidades e por suas múltiplas combinações, compõem a infinita variedade das substâncias.” Continuando com a leitura de O Livro dos Espíritos, vamos agora entender a necessidade da presença do princípio vital na formação dos corpos; 64 – Vimos que o espírito e a matéria são dois elementos constitutivos do universo, o princípio vital será um terceiro? R.: É sem dúvida .... , tem sua origem na matéria universal modificada .... é para nós um elemento, como o oxigênio e o hidrogênio, que entretanto não são elementos primitivos, pois que tudo isso deriva de um só princípio. 62 – Qual a causa da animalização da matéria? R.: Sua união com o princípio vital. Em concluindo este início da pesquisa podemos estabelecer que como seres humanos e com nossos sentidos voltados à predominância dos instintos, pergunta-se, como estabelecer um tipo de comportamento que nos direcione para a libertação desses vícios e paixões que ainda muito nos transtornam ? A partir de qual momento, conceituaremos dentro de nós que a direção que tomamos durante a nossa vida, que nos leva para fora da verdadeira vida, que é a espiritual está equivocada, e que o despertamento para esse fato nos fará alterar a nossa maneira de viver? Primeiramente, deveremos escolher ou visualizar um ponto de partida, e dentro desse roteiro, haveremos de nos guiar por um modelo. E se para esse modelo optarmos pelo descrito em O Livro dos Espíritos questão 625, Jesus ? De certa forma em seu evangelho, ele nos faz compreender claramente, que utiliando-nos do bom livre arbítrio, somente poderemos alcançar a plena liberdade quando nos colocarmos frente a frente com as nossas imperfeições, e Ele aí já nos mostram como nos libertar dos principais instintos corruptores da matéria o orgulho, o egoísmo e a vaidade. Nesse sentido o Professor Carlos Torres Pastorino, em sua obra Sabedoria do Evangelho estabeleceu um grande estudo de como pode se dá o conhece-te a ti mesmo, momento este crucial para o ponto de partida da nossa afirmação como criatura divina, portadora de fé e co-criador com Deus. Seguindo Pastorino, encontramos: Sabedoria do Evangelho, 1º Volume – Tentação de Jesus ..... “ Antagonista, adversário, tentador, todos os três epítetos referem-se à personalidade: é o quaternário inferior que, pela encarnação, estabelece a separação, a divisão, a desunião entre as criaturas; é o adversário e o antagonista da evolução, que tenta o homem para que volte sempre à matéria.” Seguindo este início como apresentação, na mesma obra são enumeradas as tentações, e para Pastorino, ele diz que lhe parece mais lógica a sequência dada por Mateus, em seu evangelho: EGOÍSMO – Transformar as pedras em pães, para saciar a própria fome, trata-se de um desejo animal de satisfazer à fome, isto é, aos apetites egoístas do quaternário inferior. A resposta de Jesus é extraída do Deuteronômio VIII, 3 – “Nem só de pão vive o homem, mas de tudo o que sai da boca de Deus.” Faz-nos compreender que a alimentação espiritual da tríade superior também pode saciar essas fomes. Na luta da sobrevivência e do bem estar, da satisfação das necessidades básicas da criatura humana: a fome, o repouso, as ânsias fisiológicas do sexo, as angústias das sensações chamadas físicas na realidade pertencentes ao duplo etérico (perispírito). VAIDADE – Lançar-se de grande altura confiando que Deus mandará mensageiros para ajudá-lo. O adversário apresenta-se com uma frase do Salmo XCI, 11, 12 – Porque mandou aos seus anjos em teu favor, que te guardem em todos os teus caminhos, eles te levarão nas suas mãos para que o teu pé não tropece em alguma pedra. Mas Jesus lhe responde com outra do Deuteronômio VI, 16 – “ Não tentarás o Senhor teu Deus, como o tentaste no lugar da tentação.” A vaidade, própria do Eu personalístico que se julga separado, diferente, e sempre, são rarísimas exceções, superior a todos os demais, é outra das mais difíceis provas a serem superadas pelo espírito mergulhado na cruz da personalidade (espírito encarnado). ORGULHO – Usar qualquer meio bajulatório para obter fama e poder de domínio. Volta Jesus com o versículo do Deuteronômio VI, 13, mostrando que Deus está acima de tudo, e só a ele podemos e devemos prestar culto, reverência e obediência, não devendo utilizar-nos de meios escusos para adquirir vantagens nem pessoais, nem para grupos. Esta é a experimentação que as criaturas encarnadas (presas à personalidade crucificadas no quaternário inferior) tem maior dificuldade em superar. Não é mais no duplo etérico (perispírito) com as sensações, nem no astral com as emoções, mas no mais terrível de todos os adversários, maior que os prazeres (sensações), maior que a vaidade (emoções). Trata-se do intelecto, isto é, do orgulho de julgar-se melhor que os outros, acima dos outros. Pode tratar-se de qualquer criatura, nos mais diferentes níveis sociais, há um ponto em que não cede, há sempre um aspecto em que ninguém o iguala. Podemos apresentar alguns exemplos deste vício que tanto nos desvirtua do verdadeiro caminho; • ambição desmedida das posses materiais; • o julgamento que sempre achamos no direito de fazer; • o domínio de um determinado grupo para fazer valer sua autoridade; • os ditos escolhidos de Deus. Para superar essa tentação, há um só remédio: o auto sacrifício do nosso personalismo, ligaremos nosso espírito ao Eu real. Quando, porém, o homem vence as três etapas, dominando as sensações, as emoções e o intelecto, ele vê que os anjos de Deus vem servi-lo, e o eu menor, se retira vencido, até o momento oportuno, porque outras provas ainda virão, todas elas ensinadas nos evangelhos, e nos demais institutos doutrinários espírita. De posse deste princípio estudado, busquemos a palavra do professor Allan Kardec, e dos instrutores espirituais, em O Livro dos Espíritos, capítulo XII, questões de 913 a 917: 913 – Dentre os vícios, qual o mais radical? R.: ..... O Egoísmo.... 914 - O homem conseguirá extirpá-lo? R.: ..... Se instruindo das coisas espirituais ..... dar menos valor as coisas materiais. 915 - ..... Inerente à espécie humana, o egoísmo é um obstáculo ao bem da Terra? R.: ..... Ele se prende à inferioridade dos espíritos encarnados na Terra. Mas não será isso uma regra, posto que existem muitos homens isentos de egoísmo e praticantes da caridade. 916 – .... O egoísmo parece crescer e se manter, como destruir seu efeito? R.: ..... Quando os homens realmente forem bons, auxiliando-se reciprocamente, impelidos pela solidariedade. 917 – Qual o meio de destruir-se o Egoísmo? A esta questão responde um dos espíritos mais conceituados, Fenelon, informando sobre, onde se situa em nosso interior e como prevenir-nos e libertar-nos deste vício; indicando-nos ainda a questão 785, que trata do obstáculo ao progresso, indica-nos que existe uma felicidade maior e mais duradoura. Até aí a pesquisa circundou o estudo da personalidade das criaturas mais voltadas às sensações, procurando a satisfação dos desejos físicos e materiais. Em contrapartida foi também elaborado o princípio de como podemos nos libertar desses sentidos mais grosseiros. Mas passaremos àquele grupo de seres que permanecem refratários aos ensinos doutrinários de Jesus e quais os resultados a que estão passíveis de se sujeitarem. Através da obra de Leon Denis, O Problema do Ser, capítulo XXVI, obtemos: “A dor física é, em geral, um aviso da natureza, que procura preservar-nos dos excessos. Sem ela, abusaríamos de nossos órgãos até o ponto de os destruirmos antes do tempo. Persistindo em desconhecer os avisos repetidos da natureza, deixamos as doenças desenvolverem-se em nós, pode ela ser um benefício, se , causada por nossos abusos e vícios, nos ensinar a detestá-las e corrigir-nos delas. É necessário sofrer para nos conhecermos, e conhecermos bem a vida. O sofrimento, por sua ação química, tem sempre um resultado útil, mas esse resultado varia infinitamente segundo os indivíduos e seu estado de adiantamento. Apurando o nosso invólucro material dá mais força ao ser interior, mais facilidade para desapegar das coisas terrenas. A dor é como uma asa dada à alma escravizada pela carne para ajudá-la a desprender-se e a elevar-se mais alto.” E nas obras e André Luiz poderemos desvendar como se darão esses sofrimentos. Em Mecanismos da Mediunidade, capítulo IV, encontramos a seguinte passagem: “ Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial, entretanto, ele ainda é matéria – a matéria mental. A matéria mental é o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações do prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes, por enquanto imponderáveis na Terra, de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade. Pelos princípios mentais que influenciam em todas as direções, encontramos a telementação e a reflexão comandando todos os fenômenos de associação desde o acasalamento dos insetos, até a comunhão dos espíritos superiores, cujo sistema de aglutinação nos é, por agora proibido o conhecimento. Emitindo uma idéia, passamos a refletir as que se assemelham, idéia essa que para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustenta-lá, mantendo-nos, assim espontaneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir. É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório, o intercâmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas que se nos movimenta o espírito no mundo das formas-pensamentos, construções substanciadas na esfera da alma, que nos liberam o passo ou no-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha.” Wenefledo de Toledo em Estudando a Mediunidade, nos informa: “O homem vive através de três forças conjugadas, que são: vontade, pensamento e ação”. • A vontade é a energia que comanda a trajetória do desejo. • O pensamento é a força viva que manipula a forma pelas idéias. • A ação é o impulso dado para a direção que o pensamento marcou. A força magnética é inata ao homem. Todos os corpos a possuem, ela tem duas funções: atração e repulsão. Ela se distingue pela qualidade boa ou má que emite nas diferentes influenciações que exerce sobre o homem. Os nossos pensamentos mais simples, em aparência, influem sobre nós e sobre os que nos rodeiam, contribuindo assim, em uma certa medida, para a nossa felicidade ou infelicidade. Os pensamentos que emitimos com persistência apegam-se-nos atraindo outros da mesma natureza.” Mas como se corporificam então essas matérias mentais, causando-nos grande sofrimento e dor? Podemos tomar como caminho sobre esta matéria, a obra de André Luiz em Evolução em Dois Mundos, capítulo XIV, Início da Mentossíntese. Antes mesmo do estudo da matéria citada, vamos em O Livro dos Espíritos em uma questão muito importante: 459 – Influem os espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? R.: Muito mais do que imaginais, influem a tal ponto, que de ordinário, são eles que vos dirigem. Voltando então a André Luiz ao tratado da Mentossíntese, este vocábulo forma-se a partir de dois outros vocábulos que são mente e síntese, os quais significam ; mente, consciência humana que se origina no cérebro e é manifestada pelo pensamento, emoção, desejo, memória, imaginação; síntese, combinação de elementos ou substâncias separadas para formar um todo coerente. Em Química, formação de um composto de elementos mais simples. Diz então André Luiz: “O Princípio inteligente inicia-se desde então nas operações que classificaremos como sendo “mentossíntese”, porque baseadas na troca de fluidos mentais multiformes, através dos quais emite as próprias idéias e radiações, assimilando as radiações e idéias alheias.” No mesmo capítulo André Luiz ainda ressalta acerca das simbioses mentais: “Semelhantes processos de associação aparecem largamente empregados pela mente desencarnada, ainda tateante, na existência além túmulo. E qual cogumelo que projeta para dentro dos tecidos da alga, dominadores apêndices com os quais lhe suga grande parte dos elementos orgânicos por ela própria assimilados, o espírito desenfaixado da veste física lança habitualmente, para a intimidade dos tecidos fisiopsicossomáticos daqueles que o asilam, as emanações do seu corpo espiritual, como radículas alongadas, ou sutis alavancas de força, subtraindo-lhes a vitalidade, elaboradas por eles nos processos da biosintese, sustentando-se, por vezes, largo tempo nessa permuta viva de forças.” Na mesma obra capítulo XV, Vampirismo Espiritual, Infecções Fluídicas, temos: “Muitos acometem os adversários que se entrosam no corpo terrestre, empolgando-lhes a imaginação com forças mentais monstruosas, operando perturbações que podemos classificar como - infecções fluídicas - e que determinam o colapso cerebral com arrasadora loucura. Alguns, como os ectoparasitas temporários procedem à semelhança dos mosquitos e dos ácaros, absorvendo as emanações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam; mas outros muitos, quais endoparasitas conscientes, após se inteirarem dos pontos vulneráveis de suas vítimas, segregam sobre elas determinados produtos, filiados ao quimismo do espírito, e que podemos nomear como simpatinas e aglutininas mentais, produtos esses que, sub-repticiamente lhes modificam a essência dos próprios pensamentos a verterem, contínuos, dos fulcros energéticos do tálamo no diencéfalo. Estabelecida essa operação de ajuste, que os desencarnados e encarnados, comprometidos em aviltamento mútuo, realizam em franco automatismo, à maneira dos animais em absoluto primitivismo nas linhas da natureza, os verdugos comumente senhoreiam os neurônios do hipotálamo, acentuando a própria dominação sobre o feixe amielínico que o liga ao córtex frontal, controlando as estações sensíveis do centro coronário que aí se fixam para o governo das excitações, e produzem nas suas vítimas, quando contrariadas em seus desígnios, inibições de funções viscerais diversas, mediante influência mecânica sobre o simpático e parassimpático. Tais manobras em processos intricados de vampirismo, prestigiam o regime de medo ou de guerra nervosa nas criaturas de que se vingam, alterando-lhes a tela psíquica ou impondo prejuízos constantes aos tecidos somáticos.” Vamos a partir deste capítulo conhecer os termos utilizados por André Luiz: • Ectoparasitas – parasita de envoltório externo • Endoparasitas – parasita de envoltório interno • Quimismo – conjunto de combinações de um organismo • Aglutinina – substância do soro sanguíneo, aglutina as células ou bactérias • Tálamo do Diencéfalo – leito da cavidade do crânio onde estão compreendidos o cerebelo e o bulbo raqueano • Hipotálamo – porção do cérebro que controla a temperatura do corpo, as funções sexuais, o sono, o apetite, o metabolismo da água, etc. • Córtex frontal – camada superior do cérebro • Centro coronário – ponto de interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisio psicossomáticas organizadas • Simpático – Sistema nervoso autônomo • Parassimpático – Uma das partes em que se divide o sistema nervoso vegetativo, que funciona em antagonismo relativo com o sistema nervoso simpático Sobre esses assuntos nos apresenta André Luiz por Francisco Candido Xavier: “Há pequenos prazeres que a maneira de micróbios violentos e perseverantes que nos desintegram o envoltório físico, nos intoxicam a alma, e lhe destroem as mais santas esperanças. Todos nós somos dínamos, vivendo nos mais remotos ângulos da vida, com o infinito por clima de progresso e com a eternidade por meta sublime. Geramos raios, emitimo-los e recebemo-los constantemente, nossas atitudes e deliberações costumes e emoções, criam cargas elétricas de variadas expressões. - O uso do álcool estabelece raios entorpecentes e forma elementos intoxicantes. - A cólera forma nuvens de princípios destruidores. - A maldade projeta dardos de trevas. - O ciúme é uma tempestade interior. - A inveja é uma atmosfera enregelante. - O egoísmo é o casulo da sombra. - A conversação indigna á pasto de entidades viciosas. - A queixa é tradução de ociosidade. - O abuso é sempre inclinação da alma ou queda do sentimento no precipício.” Temos que todas as doenças penetram no corpo através do perispírito, mesmo as traumáticas ou acidentais, ou como as de causa nas correntes perturbadoras. Em Obras Póstumas, Allan Kardec sobre perispírito cita: “Os espíritos tem um corpo fluídico ao qual se dá o nome de perispírito, sua substância é haurida no fluido cósmico universal que a forma ou alimenta. O perispírito é o intermediário entre o espírito e o corpo, é o órgão e transmissão de todas as sensações. Para aquelas sensações que vem do exterior pode-se dizer que, o corpo recebe a impressão, o perispírito a transmite e o espírito a recebe, quando o ato parte do espírito segue-se o caminho inverso. O perispírito não se encerra nos limites do corpo, ele é expansível, irradia ao redor da forma, em torno do corpo, e entre corpos não havendo contato poderá ocorrer contato perispiritual onde irá transmitir suas impressões, ele desempenha papel importante em todos os fenômenos psicológicos e em até certo ponto nos fenômenos fisiológicos e patológicos, pois outros fenômenos poderão advir de registros de outras existências.” De modo conclusivo, podemos ainda em observância à mesma obra, no capítulo de O Egoísmo e O Orgulho, extrair alguns conceitos: “O Egoísmo e O Orgulho tem sua fonte no instinto de conservação, e em sendo esse instinto criado por Deus, não é inútil, foi o homem que o tornou mal em virtude do seu livre arbítrio.” Os homens não podem ser felizes se não vivem em paz, se não estão animados de um sentimento de benevolência, de indulgência e de condescendência recíprocos, enquanto procurarem se esmagar uns aos outros. A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e deveres sociais, mas supõem abnegação que é incompatível com o egoísmo e o orgulho, pois a criatura quer tudo para si. O principal dessas causas, se liga evidentemente à falsa idéia que o homem faz da sua natureza, de seu passado e de seu futuro; não sabendo de onde vem, se crê mais do que não é; não sabendo para onde vai, concentra todo o seu pensamento em uma única vida terrestre, ele a vê e tenta fazê-la tão agradável quanto possível, quer todas as satisfações todos os gozos possíveis e por isso age sem escrúpulos, contra o próximo como consigo mesmo. Daí a justiça apregoada na reencarnação que os espíritos podem renascer em diferentes condições, seja como expiação, seja como prova. Daí onde poderemos reconhecer o humilhado de hoje como o orgulhoso do passado; o pobre desvalido no egoísta de ontem. Mas em nada sendo brusco na natureza o homem deverá iniciar a sua transformação moral, esforçando-se para domar suas más inclinações e curando os seus males, conduzindo-se para reconhecer-se como verdadeiro homem de bem, praticando a lei de justiça, de amor de caridade, em sua maior pureza. Tendo fé em Deus, fé no futuro, fazendo o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribuindo o mal com o bem, toma a defesa do fraco, porque vê irmão em todos os homens, vendo-se como integrante da família universal.” É o estudo.

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